Entendendo os Ciclos

Em qual momento do Ciclo de Mercado estamos?

O ano era 2002 e eu tinha sido demitido do meu primeiro emprego de carteira assinada 😢. Com a rescisão, decidi que era o momento de fazer um intercâmbio, uma vez que o mercado de trabalho ainda sofria com o estouro da Bolha da Internet e eu não sabia muito bem o que queria da vida.

O Brasil de 22 anos atrás era diferente em alguns temas e de forma incrivelmente parecido em outros com os dias atuais. A vitória de Lula para a presidência da república, teve uma reação péssima do mercado financeiro, e o Dólar saiu em disparada. Pela primeira vez entendi o real impacto da oscilação do câmbio, e meu intercâmbio não seria mais possível.

Sim, eu dei “azar”. Bem no ano que eu iria fazer a minha primeira viagem internacional, o Dólar disparou. Bem na minha vez! Bom, esse pico do Dólar representou o fim de um ciclo de alta, passamos praticamente os 6 anos seguintes com o Real se apreciando frente ao Dólar.

Em 2015 voltei a me interessar de forma mais incisiva sobre o mercado financeiro, especialmente o mercado de renda variável. Dessa vez, o ciclo estava ao meu favor. Qualquer empresa que eu comprava, se valorizada.

Cometi diversos erros de um iniciante: flipei IPOs, me alavanquei, copiava carteiras recomendadas. O ciclo era tão favorável que nada dava errado.

Hoje, mais de 20 depois dessa minha primeira experiência traumática com o Dólar, quando o assunto é economia e mercado financeiro, passei a dar muito mais valor ao entendimento dos Ciclos de Mercado, e a ouvir as pessoas de mercado com muitos cabelos brancos.

E por que os ciclos ocorrem? Por que o mercado não cresce todos os anos, mesmo que seja um pouco? A resposta está nos exageros humanos. O excesso de otimismo, o apetite a risco e a agressividade para investimentos.

Dessa forma empresas montam nossas sedes, contratam mais funcionários, criam metas mais ousadas, e quando seus objetivos começam a patinar, uma correção começa e a cautela ganha força. Dessa forma a economia se contrai.

Tá legal, mas onde estamos? Em qual momento do Ciclo de Mercado estamos? 

Olhando para os Estados Unidos, o indicador de Preço/Lucro das ações está alto, 27.45, mas não é nenhum exagero. Historicamente ele sempre ficou entre 20 e 25.

Olhando de forma setorial começamos a ser alguns excessos, com o setor de Health Information Services (P/L 51.72), Publishing (P/L 48.19), Semicondutores (41.35) e outros setores de tecnologia.

Com a inflação aparentemente mais controlada, e uma provável queda na taxa de juros americana, boa parte do dinheiro hoje alocado em títulos do tesouro americano e títulos privados, deve migrar para setores de maior risco.

No Brasil o cenário parece mais complexo, sempre! 🤓 O governo não demonstra convicção para controle da política fiscal, o que gera incertezas, depreciação do câmbio e uma indefinição com relação à nossa taxa de juros base.

Mesmo com todas essas incertezas, nossa bolsa de valores bateu seu recorde histórico essa semana, chegando a 134.781 pontos no intraday. Diferente de outros eventos parecidos, não foi algo largamente celebrado. Acredito que o principal motivo tem relação à depreciação do câmbio. Se olharmos em dólares, estamos longe do topo.

Claro que, além de todas as questões econômicas, temos um complexo cenário geopolítico que não pode ser ignorado. 

Tá, enrolei, enrolei e não disse nada.

Bom, me parece que o cenário está apontado para o otimismo, mas ainda é cedo para uma grande exposição ao mercado de renda variável. No decorrer do próximo semestre, acredito que os sinais ficarão mais fortes e poderemos tomar decisões mais assertivas.

 

Até a próxima.

Marcelo Alemi, o MonkeyStocks🐵