Afinal, o que é o dinheiro?

Primeiro precisamos entender qual o seu papel em um acordo comercial.

Os primeiros acordos comerciais eram realizados na forma de ESCAMBO, ou seja, uma simples troca. Eu tenho peixes, você tomates. Chegamos em uma relação entre os produtos, eu te dou dois peixes e você me dá dez tomates. FECHADO!

Mas imagine criar a relação direta entre todos os produtos. E mais, quantos tomates serão precisos para se comprar uma casa?

Dessa forma, aparece um BEM INTERMEDIÁRIO, o qual eu posso usar como uma referência, com uma forma de indexação dos produtos. Aparece o DINHEIRO.

Mas calma, ele ainda não é de papel.

Sal, cacau, sementes, gado, cigarros, prata, ouro; sim tudo isso já foi dinheiro um dia. E em algum momento fracassou nesse papel. Por que?

Para que algo tenha a qualidade de dinheiro, é necessário o seguinte conjunto de propriedades:

ESCASSEZ — Precisa ser um bem escasso, pois caso contrário sua abundância faria o mesmo sempre perder valor.

DURABILIDADE — Precisa ser durável, muitas vezes queremos guardá-lo por mais tempo, sem a necessidade de uso no curto prazo.

TRANSPORTABILIDADE — Precisa ser fácil e simples de transportá-lo de um lado para o outro.

DIVISIBILIDADE — Precisa ser fácil de dividir, em frações muito pequenas, para que as negociações aconteçam.

HOMOGENEIDADE e UNIFORMIDADE — Necessita de um rigoroso padrão de uniformização de suas características.

MALEABILIDADE — Ser aceito em qualquer troca possível, ou seja, poder comprar bens com ele.

Entre os exemplos citados acima, todos falharam em algum ponto. Qual a durabilidade de uma semente de cacau? ou, como entregar um boi repartido sem matá-lo? ou mesmo, como transportá-lo de forma simples em longas distâncias?

Quem mais se aproximou da perfeição para atender a esses requisitos foi o OURO.

Não é à toa que por quase 100 anos, as moedas dos países possuíam lastro de suas reservas de ouro, ou seja, eram um "certificado" de OURO.

Nixon Shock

Muitos não sabem, mas em Dezembro de 1971, após um pronunciamento do então presidente norte-americano, Richard Nixon, o padrão OURO teve o seu fim, e o DÓLAR, última moeda que ainda possuía lastro em OURO, ficou livre para que pudesse ser expandido, caso fosse necessário.

E por que isso é importante?

Existe atualmente uma abstração com relação às moedas dos países. Como não há mais lastro, as mesmas são flutuantes e basicamente seguem as leis de oferta e demanda do mercado.

Dessa forma, não há escassez. O que impede uma "super impressão" de moedas na verdade é a sua desvalorização e consequente inflação de preços.

Sim, meus amigos, dinheiro hoje em dia nada mais é do que papel impresso.

Criptomoedas

O Bitcoin possui todas as características necessárias para ser tratado como DINHEIRO, exceto a questão da MALEABILIDADE, pois ainda não podemos ir à padaria e comprar pães com ele.

Para quem não sabe, o Bitcoin tem sua ESCASSEZ, existem no total 21 milhões de Bitcoins, dos quais 17 milhões já estão em circulação.

Inflação

O Brasil já chegou a ter uma inflação anual recorde de 1.477% durante o governo Sarney. Quando temos um número como esse, fica muito perceptível a abstração da representação do dinheiro.

Na Alemanha, durante a década de 20, quando o país passou por uma hiperinflação, há uma história curiosa, tragicômica na verdade. O dinheiro valia tão pouco, que um cidadão precisou encher um carrinho de mão e levar o dinheiro até o estabelecimento. No meio do caminho, ele foi assaltado, mas o ladrão levou foi o carrinho e deixou o dinheiro no chão.

O futuro

O dinheiro é uma invenção do homem e nos últimos 2.000 anos já virou pó por 22 vezes.

Dessa forma, para buscar proteção de longo prazo ao seu patrimônio, é sempre interessante manter uma reserva em metais preciosos, como OURO e PRATA, e até mesmo o BITCOIN, por se enquadrar em praticamente todas as características de DINHEIRO.

No mercado financeiro existem duas expressões bastante antagônicas: CASH IS KING e CASH IS TRASH.

Qual das duas se mostrará verdadeira no longuíssimo prazo? Só estando vivo para descobrir.