O que te faz moral?

“Continuas sendo justo quando ninguém te vê, quando tua debilidade não está exposta?”

Antes de Tolkien molhar a sua pena e escrever a longa jornada de Frodo e seus amigos para a destruição do my precious, já existia a Fábula de Giges.

Estava na minha jornada de leitura de 2024, lendo o Segundo Livro de A República, de Platão, quando me deparei com uma fábula, conhecida como O anel de Giges.

Giges era um cara legal, pastor, bom marido, pai de família, até o dia que encontra um anel mágico. Esse anel, quando Giges o coloca no dedo, faz com que ele fique invisível.

PS. Tolkien criou um universo, mas a base da história é a mesma.

Podendo ficar invisível, Giges se corrompeu e passou a aprontar todas. Roubava, matava e fez seus corres para se tornar poderoso.

Sem me alongar muito, aqui temos o grande dilema dessa fábula:

Continuas sendo justo quando ninguém te vê, quando tua debilidade não está exposta?”

O que a posse e o uso do anel revelariam sobre você?

Se concluirmos que as pessoas serão éticas e justas apenas pelo medo, por estarem sendo observadas, estaremos em concordância com um sistema de repressão, onde aumentaríamos o medo, criando cenários punitivos.

Na outra mão, se concluirmos que as pessoas serão éticas e justas por uma aprovação externa, ou seja, um prêmio, um reconhecimento, também teremos um cenário de interesse externo, o que não me parece mais virtuoso do que ser movido pelo medo.

Fazer o certo pelo certo tem um nome: Moral.

Estamos assistindo a falência moral da sociedade contemporânea, principalmente nos âmbitos político e econômico. O certo é relativizado e o material supera qualquer valor moral.

Fraude das Americanas, FII com Esquema Ilegal de Créditos de Carbono, “descondenação” dos réus da Lava Jato, divulgação sem filtro de Bets e Jogos do Tigrinho... a lista é infinita.

A solução para todos esses problemas não existe, ela não está sob nosso controle.

Então, o que podemos fazer? Olhar para dentro de nós e buscar essa moral em nossas vidas. Parece pouco, mas é bastante.

 

Até a próxima.

Marcelo Alemi, o MonkeyStocks.