Vícios e Virtudes

Como em toda família descendente de italianos e católica, quando eu estava próximo dos meus 13 anos, comecei a meu curso de catequese para realizar a minha primeira comunhão. 

Estudei em uma escola tradicional de São Paulo, onde pude fazer a catequese após as aulas dentro da própria escola. Foram 6 meses de curso, até o dia da formatura.

No dia de consagração, como tradição, minha escola deu como presente um pão italiano, daqueles redondos de casca grossa, de uns 20 a 25 centímetros de diâmetro. Como você pode ver pela foto, eu não era dos mais disciplinados com minha alimentação, e acredite, eu comi todo o pão antes mesmo de chegar em casa. Sim, eu era um glutão!

A gula nada mais é, do que a falta de autocontrole relacionada a um dos maiores prazeres da vida, comer. E, para combatermos os prazeres e vícios de nossas vidas, precisamos desenvolver uma virtude chamada temperança.

É natural que uma criança de 12, 13 anos não tenha temperança, mas é também nessa fase que devemos estimular o desenvolvimento dessa virtude.

A temperança, segundo a teoria tomista, é a primeira das quatro virtudes que devemos desenvolver, é ela, o melhor remédio para controlarmos nossos vícios.

Nossa, mas o que a temperança tem a ver com o mercado financeiro ou com dinheiro?

Estamos diante de uma nova epidemia de um antigo vício: jogos de azar.

Segundo pesquisa realizada pela ANBIMA em parceria com o DataFolha, mais de 14% dos brasileiros com mais de 16 anos já fizeram apostas online. Como dado de comparação, menos de 2% desse mesmo universo investe na Bolsa de Valores.

O cenário é preocupante: trabalhadores pedindo adiantamento salarial para apostar, outras deixando faltar itens básicos em suas casas e até mesmo pessoas que utilizam boa parte do seu Bolsa Família para apostar. A estimativa é que esse mercado movimentou mais de R$100 bilhões em 2023.

Assim como a gula, ou a pornografia, apostar é um vício, e precisa ser combatido.

 Lembre-se, apostas esportivas ou jogos de azar online não são investimentos, e quem te vender essa ideia, boa gente não é.

Meditação, agradecer, controlar emoções, atenção plena, dividir uma meta longa em diversas metas menores, manter um diário; não existe fórmula mágica para desenvolver a temperança, encontre o seu caminho.

Até a próxima.

 Marcelo Alemi, o MonkeyStocks.